sábado, 25 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Sobre performance.
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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Avesso.
Só, estando em qualquer lugar que seja, escreve os versos. É só isso que faz, escrever. Minto. Escrever e pensar sobre como seria o avesso. Pensa sobre escrever e escreve sobre o pensamento. Se distrai com os versos, pensando em como seria ter percorrido os outros diversos caminhos, como seria ter adentrado por qualquer outra viela estreita. Até porque não importa aonde se quer chegar, há vários caminhos possíveis. E para além disso, ainda digo: há várias maneiras diferentes de se percorrer o mesmo caminho. Há os que seguem lento, os que aproveitam a paisagem, os que andam por andar. E, digo ainda mais, para cada jeito de se percorrer um caminho, há uma passada distinta. Um andar lento, cuidadoso, pra direita, pra esquerda, para trás. E escrevia. Por hora, sentia que o caminho era o mesmo de sempre, sem perspectiva no horizonte distante, o andar era monótono e a passada, de andar as vezes trôpego, as vezes constante (mas não se engane, a constância era apenas pra ver aonde o caminho iria dar). Senta. Escreve. Pensa em entrar na próxima viela. Levanta e continua a andar. Só o que faz é escrever os versos. Minto. Escrever e pensar sobre como seria o avesso...
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Sobre dias de camping.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Sobre o poeta.
Lápis e Caneta / Pencil and Pen
Tenho o costume de andar pelas estradas
sábado, 6 de novembro de 2010
Sobre a chegada ou a partida.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
Sobre pontos de vista.
sábado, 16 de outubro de 2010
Coágulo.
Se senta.
Se sente mal.
Sessenta anos
Sentenciados
Aos derradeirros
Segundos
Que se passam
Sucessivamente.
Se lamenta,
Se sente mau.
Cessaram-se os planos
Sentenciados
Aos derradeiros
Pulsos
Que se passam
Em sua corrente.
Sentenciado,
Sentiram
Os seus pulsos.
Lamentaram.
Se passaram os anos,
E em segundo plano
Ficou por ser secretado
O que lhe era secreto.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Sala de aula.
sábado, 11 de setembro de 2010
Para Onímia.
Eu vou, Vôo,
Vou ser você...
Vem tu, Voa,
Só pra Soprar
Vento.
E Sequer sei
Se queres.
Entre tantos outros
Se diz preso a mim.
Desprezo.
Diz: “prezo
Pela tua
Companhia.”
Me compadeceria,
Se realmente cresse
Que sem mim
Padeceria.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Sobre quem poetiza.
Que pena dos poetas,
Minhas sinceras condolências
Mas que belo dom esse, o do poeta.
domingo, 18 de julho de 2010
Pintor de Lugar nenhum.
sábado, 10 de julho de 2010
Indiferença.
Pulou o portão, andou na grama e passou por cima das flores. Sem se apresentar se pôs sala adentro, se debruçando pela soleira da janela. Ainda era cedo pra se chegar à casa dos outros, certamente. Dizem alguns que é uma tremenda falta de educação chegar assim, correndo o risco de incomodar quem ainda dorme. Não se importava. Foi tomando o primeiro assento do sofá, até, sem nenhuma cerimônia, se esparramar sobre ele sem pedir permissão. Sem dúvida era um espaçoso. Atrapalhava quem tentava ver ao noticiário na TV, parecia querer chamar a atenção de quem entrava na sala. As pessoas reclamavam entre si, cochichavam, queriam ficar sossegadas. E ele permanecia indiferente quanto a qualquer tipo de reclamação. Sem ser convidado, sentava à mesa do café, e em tudo quanto era pão, ele punha a mão. As pessoas incomodadas procuravam outros cômodos da casa, tentavam ficar distantes, se arrumar o mais rápido possível e partir pros seus respectivos empregos. E ele acabava ficando por lá mesmo, solitário, por cima do sofá, com a TV desligada e com a casa silenciosa. Mas curiosamente, repetia esse mesmo ritual com rigorosidade diária. Talvez quisesse mesmo a atenção de algum qualquer que entrasse na sala. Talvez faça isso porque não se sente notado. Talvez o sol necessitasse apenas de alguém que retribuísse o seu abraço.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Para os que dormem.
Deve ser, necessariamente,
Para que deixe de ser sonho.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Criatividade.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Menino Voador.
Oi,
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Parto.
Parto, com a certeza de que permaneço.
Sinto que deixo aqui o que sou.
Parte de mim parte de mim
Para repousar nas entranhas da terra
Floresço em todo jardim
Cresço em cada canto de era.
Outra parte permanece
Florescida em lembrança
Crescida nos gestos
De quem é parte do que fui eu.
Parto para ser inteiro.
Para que não fique a margem de mim
Vivendo por aí, a vida de outro alguém qualquer.
Parte-se a fenda e parto.
A terra debruça sobre mim o seu manto,
Recolhe-me e me mantém
Até parir-me e decifrar-me a existência
Para que seja minh’alma detentora do mundo.
quarta-feira, 31 de março de 2010
Frases soltas
"Aos meus poemas, o cuidado que dou as mulheres: primeiro a forma."
"Dos críticos, só espero uma coisa: que nunca esperem nada de mim.”
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Considerações sobre o amor verdadeiro II (ou Pv.30:18-20)
Os pássaros voam. E o que se sabe
Sobre seus caminhos passados?
A respeito dos vários vôos traçados
Ao longo da atmosfera terrestre,
O que se fica lembrado? Qual é o rastro?
O que esses caminhos dizem
Sobre os caminhos futuros?
Nada. Só se sabe que estes passaram
Por serem vistos passar na exata hora.
A cobra se move por sobre as rochas,
E o que se sabe dos seus caminhos?
A respeito do seu serpenteado,
Por várias vezes passado pelas penhas,
O que nos deixa noticiado?
Seus caminhos, o que dizem sobre
Os caminhos passados e os que virão?
Não dizem nada. Só se vê a cobra
E seu movimento no seu real
Momento de se movimentar.
E sobre o caminho dos barcos a vela
O que se sabe de por onde passaram?
A respeito das rotas mil que já
Cortaram a superfície marinha,
O que se observa no mar, registrado?
Quais evidências deixam no mar
Dos seus futuros caminhos,
Da continuidade de suas rotas?
Nenhuma. Só se sabe que se passam
No momento ínfimo de sua passagem.
E os homens se relacionam. E o que se sabe
Dos caminhos de um homem com uma mulher?
A respeito das centenas de beijos trocados,
O que dizem realmente sobre o amor,
Sobre o que se passou e sobre o porvir,
Para além do seu exato momento de consumação?
O que se passa é somente o que se passa
E os atos só dizem sobre os próprios atos
E não dizem nem sobre o próprio passado.
Ao que ama, só se sabe ao certo
A sinceridade de si próprio.
Todo resto é pura especulação.
Ao amor basta o ínfimo momento
De sua expressão.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Considerações sobre o amor verdadeiro.
Há quem diga que enxerga-se o amor
De primeira vista, visto que, amor seria
Dádiva divina, essência extraída dos
Primeiros olhares, de inconscientes percepções.
Assim, entender-se-ia o amor de súbito,
Por completo, instantaneamente inteiro.
Perceber-se-ia intrinsecamente o outro
Sem necessidade de maiores pormenores.
Embora desejasse crer em toda essa teoria
Sobre a percepção do outro e sobre a naturalidade
De entender-se repentinamente como parte
De outra metade, como que em desígnio divino,
Reconhecer íntimo em segundo ínfimo,
O amor não é lúcido, nem tampouco previsível.
Ao contrário, por ser amor,
O amor verdadeiro é desconcerto,
É constante insegurança e dúvida mútua.
(O que queres é o alçar vôo,
Ou desejas um singelo pouso?)
Não é medido e nem reconhecido de princípio
Justamente por se tratar de amor, é desconforto.
É fagulha de ceticismo, centelha
A respeito de todo o blábláblá divino.
É a certeza da incerteza.
Também enxergo-o e tateio-o,
Porém, com a clareza de quem vê o sol de olhos cerrados
Como quem só dá por entendida a brisa
Quando esta lhe acaricia os poros.
Conseqüentemente, embora fosse meu desejo,
Não encontro meio de partilhar de tamanha solidez.
Sou incrédulo de todo aparato teórico-divino,
Curiosamente, justo por ter amado.