A razão essencial de se sonhar
Deve ser, necessariamente,
Para que deixe de ser sonho.
Deve ser, necessariamente,
Para que deixe de ser sonho.
Parto, com a certeza de que permaneço.
Sinto que deixo aqui o que sou.
Parte de mim parte de mim
Para repousar nas entranhas da terra
Floresço em todo jardim
Cresço em cada canto de era.
Outra parte permanece
Florescida em lembrança
Crescida nos gestos
De quem é parte do que fui eu.
Parto para ser inteiro.
Para que não fique a margem de mim
Vivendo por aí, a vida de outro alguém qualquer.
Parte-se a fenda e parto.
A terra debruça sobre mim o seu manto,
Recolhe-me e me mantém
Até parir-me e decifrar-me a existência
Para que seja minh’alma detentora do mundo.