domingo, 18 de julho de 2010

Pintor de Lugar nenhum.

Clique para ampiar / Click to expand
Pintor de Lugar nenhum / Nowhere Painter
Lápis, Lápis de cor / Pencil, Colored Pencil

sábado, 10 de julho de 2010

Indiferença.

Pulou o portão, andou na grama e passou por cima das flores. Sem se apresentar se pôs sala adentro, se debruçando pela soleira da janela. Ainda era cedo pra se chegar à casa dos outros, certamente. Dizem alguns que é uma tremenda falta de educação chegar assim, correndo o risco de incomodar quem ainda dorme. Não se importava. Foi tomando o primeiro assento do sofá, até, sem nenhuma cerimônia, se esparramar sobre ele sem pedir permissão. Sem dúvida era um espaçoso. Atrapalhava quem tentava ver ao noticiário na TV, parecia querer chamar a atenção de quem entrava na sala. As pessoas reclamavam entre si, cochichavam, queriam ficar sossegadas. E ele permanecia indiferente quanto a qualquer tipo de reclamação. Sem ser convidado, sentava à mesa do café, e em tudo quanto era pão, ele punha a mão. As pessoas incomodadas procuravam outros cômodos da casa, tentavam ficar distantes, se arrumar o mais rápido possível e partir pros seus respectivos empregos. E ele acabava ficando por lá mesmo, solitário, por cima do sofá, com a TV desligada e com a casa silenciosa. Mas curiosamente, repetia esse mesmo ritual com rigorosidade diária. Talvez quisesse mesmo a atenção de algum qualquer que entrasse na sala. Talvez faça isso porque não se sente notado. Talvez o sol necessitasse apenas de alguém que retribuísse o seu abraço.