O poeta é realmente um fingidor.Há quem diga que é um dom
Que o poeta é detentor
Do saber de transcrever
Para o papel os vários papéis
Que são desempenhados.
Como costuram personas
Que caem tão bem!
Como moldam identidades
Aos moldes de vários outros
Sujeitos distintos (!/,)
Que pena dos poetas,
De só expressarem o seu penar
Através da ponta de suas penas.
Minhas sinceras condolências
A todos os poetas desse mundo!
Mas que belo dom esse, o do poeta.
De conseguir tamanha abstração
Sobre a vida e suas singularidades
Justo por não conseguir vivenciá-la
De forma palpável e concreta.
Torna-se um observador das minúcias
Na tentativa silenciosa de entender os processos
E plotá-los num eixo cartesiano
Procurando tornar os encaixes
Passíveis de serem vivenciados
De maneira empírica.
Pobres poetas, dependentes da necessidade de poetizar!
Constroem sobre os versos frases sobre o avesso
De suas realidades. E sobrevivem de sobrevoar
Para além-órbita nos giros do globo esferográfico.