terça-feira, 22 de março de 2011

Considerações sobre o homem moderno IV

Os movimentos já se dão de maneira a não mais pensar em sua execução. Acontecem como uma câimbra. Observa a sua frente, um pouco acima do alcance dos seus olhos, uma janela que quebraria a monotonia das visões repetidas dos vários degraus e das sempre mesmas paredes. Pensa num jeito de alcançar a janela para retirar um pouco desse cansaço dos olhos e também o das pernas, já que não parou de subir desde que iniciou. Mas logo repensa e chega a conclusão de que o tempo corre rápido e não o esperará na janela para concluir o seu ciclo diário. E volta ele ao seu próprio ciclo. Sem descanso, sem espera, sem janela, sem atrasos. Agora procura manter os olhos baixos, focando-os apenas nos próprios passos, para não se deter a qualquer outra distração futura. Para que continue apenas assim, um degrau a chamar um novo.