quarta-feira, 31 de agosto de 2011

II

O guri era feito de desníveis
Eras passadas faziam eco nele
Seu corpo desandava rugosidades
Diluía metrópoles inteiras os seus olhos.
Tinha pouca pressa de assumir funções
Dizia que necessitava de se desinformar bastante
até atingir a imperfeição.
Pretendia de ser inútil profissional
Viver de prestar desserviços à humanidade.
Proseava sobre teoria da relatividade
tanto como sobre borboletas
Desentendia de tudo um pouco.


Eu tenho pra mim que o guri era como uma flor
crescida nos rejuntos dum canteiro mijado.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Guri

O guri deu pra brincar sério.
Pretendia de pôr em prática
a desaceleração do tempo.
Fazer desaprumo de horizontes.

Pelo que estava:
fazendo desleitura de livros;
se ocupando de pássaros;
descumprindo prazos;
desinformando as pessoas;
pondo inutilidade nas coisas;
gastando resmas com desprojetos
etc etc etc

Em suma -
Queria de entornar cisco no olho da gente.

sábado, 13 de agosto de 2011

Compêndio para desuso literário

É de costume da poesia -
Não aparar prédio nos ombros,
não dar consultoria publicitária,
não meter dinheiro nas algibeiras,
não arrumar direito à cargo público,
e não cumprir quarenta horas semanais.


É de costume do poeta -
Estudar para desconhecer com propriedade,
escurecer as palavras até que fiquem claras,
cometer a disfunção de agigantar o ínfimo,
dar transfiguração de poeira ao infinito,
e ser eternizado por suas inutilidades.